Entendendo o Livro “Acabe com a Externalização Emocional” de Beatriz Victoria Albina
O livro “Acabe com a Externalização Emocional” trata de identificar e curar hábitos que muitos de nós vivemos, mas não sabemos como nomear. Antes, usava-se o termo co-dependência, que não consegue explicar completamente. Esse rótulo muitas vezes faz você se sentir quebrado, principalmente em relação às dificuldades de outros.
A autora criou o conceito de Externalização Emocional™, que acontece quando colocamos nossa segurança, pertencimento e valor em fontes externas. Ou seja, ficamos dependendo de outras pessoas e situações, o que pode nos prejudicar. A ideia não é ser egoísta ou cortar laços com os outros, mas sim escolher como nos relacionamos de forma saudável.
O foco é entender que esses padrões não são falhas pessoais, mas estratégias de sobrevivência que nosso corpo desenvolveu. O livro mistura ciências sobre o corpo, regulação do sistema nervoso, psicologia e reflexões feministas, contando também a história de vida da autora. Assim, ajuda a entender de onde vêm esses hábitos e como resgatar nossa energia para dentro de nós mesmos.
Como a Co-dependência é Mal Interpretada e a Diferença com a Externalização Emocional
A co-dependência tem sido mal interpretada. Geralmente, é vista como um problema que ocorre somente em famílias com dependência química. Isso não reflete a realidade de muitas pessoas que cresceram em lares “normais”. Buscando reformular essa visão, a Externalização Emocional coloca você no centro, focando em como seu corpo e sua aprendizagem moldaram suas necessidades de segurança, pertencimento e valor.
Esses padrões não surgem apenas de lares problemáticos. São reforçados por sistemas como patriarcado, colonialismo e capitalismo, que nos fazem acreditar que nosso valor está atrelado à produtividade e ao que damos aos outros. Para quem pertence a grupos marginalizados, esses padrões são ainda mais complexos. Muitas vezes, a pressão para se encaixar pode ser uma questão de sobrevivência.
Experiências Pessoais de Co-dependência e Superação
Beatriz compartilha suas experiências pessoais em que vivenciou a Externalização Emocional. Desde a infância, lidou com doenças crônicas e aprendeu a se anular para não ser vista como “excessiva”. Em um casamento abusivo, ela vivia com a ideia de que algo estava errado com ela, sendo manipulada e desvalorizada. Por muito tempo, tentou ser uma “garota legal”, sacrificando seu bem-estar emocional.
Hoje, Beatriz adota uma nova maneira de ser, focando em sua essência. Antes de responder a pedidos, ela se pergunta sobre suas emoções. Se algo não parece certo, ela dá a si mesma a liberdade de dizer não, mesmo que isso desaponte alguém. Ela prioriza suas necessidades e se considera suficiente para dar amor e carinho, sem precisar fazer mais do que isso.
A Origem dos Hábitos e o Papel do Passado
Esses hábitos estão ligados tanto à nossa história pessoal quanto a forças coletivas. A infância e a forma como fomos tratados pelos cuidadores moldam nossas estratégias emocionais. Se os pais eram inseguros ou críticos, aprendemos a lutar por amor, adaptando nosso comportamento para obter aceitação.
Até mesmo em lares mais estáveis, o amor pode ser condicionado. Por exemplo, ser elogiado apenas quando se é “bom” e evitar problemas pode enraizar a busca por validação externa. Isso é uma dinâmica que treina nosso sistema a olhar para fora em vez de reconhecer seu valor interno.
Adicionalmente, sistemas como o patriarcado nos ensinam que devemos ser cuidadosas e fazer os outros felizes, enquanto a sociedade valoriza a produtividade acima da humanidade. Essas condições sociais afetam nossas emoções e moldam nossas experiências.
Processos de Sobrevivência e a Importância do Corpo
Mudar esse tipo de padrão não é algo fácil de se fazer apenas pensando. Isso porque as emoções estão enraizadas no corpo, não no pensamento. Esses padrões estão armazenados em nossa memória corporal. É por isso que, mesmo entendendo do lado intelectual, você pode continuar a se submeter aos hábitos de agradar os outros.
É aí que entram as práticas somáticas, que ajudam a conectar você com o seu corpo. Ao aprender a linguagem do corpo—como sentir, respirar e mover-se—você começa a acessar esses padrões de sobrevivência. Para quem não curte a ideia de meditar, o trabalho somático pode ser uma nova abordagem.
Se seu corpo aprendeu a ficar em alerta, apenas tentar relaxar pode não ser eficaz. Em vez disso, criar um ambiente seguro e acolhedor para o seu corpo facilita a transição para um estado mais calmo e acolhedor.
Práticas Somáticas que Podem Ajudar
As práticas devem ser escolhidas de acordo com as necessidades do seu corpo em cada momento. Algumas sugestões incluem:
- Se você estiver ansioso ou agitado, tente olhar ao redor para perceber o espaço e registrar que está seguro.
- Para quem se sente desconectado ou sem sensações, pode ser útil focar nos pés no chão ou colocar a mão no coração.
- Para regular o corpo ao longo do dia, técnicas como cantar, entoar ou fazer sons ajudam a estimular o nervo vago e a promover um estado de calma.
Comece devagar. Mesmo práticas de 30 segundos podem ajudar a mudar seu estado. O objetivo não é fazer tudo de uma vez, mas aumentar sua percepção sobre o que o corpo precisa.
Mensagem Final de Beatriz
Por fim, Beatriz deseja que as pessoas entendam que não há nada de errado com elas. A Externalização Emocional não é uma falha pessoal, mas sim estratégias que seu sistema nervoso desenvolveu para lidar com situações que uma vez foram essenciais. Cada um é adaptável e inteligente, e aprendemos a sobreviver da melhor maneira possível.
É claro que você pode encontrar novos caminhos que honrem seu passado, mas que também permitam viver com mais alegria e conexão no presente. O livro é um convite para retornar para dentro e redescobrir seu valor pessoal, abandonando a necessidade de buscar validações externas.