A Vida na Comunidade Ubang
Ubanga é uma comunidade situada nas colinas do estado de Cross River, na Nigéria. Embora pareça um lugar comum, possui uma peculiaridade: homens e mulheres falam línguas diferentes. Essa diferença pode parecer estranha para muitos, mas, na vida adulta, todos se entendem bem, mesmo usando palavras distintas.
Como Funciona a Linguagem em Ubang?
As crianças passam os primeiros anos com as mães e, durante esse tempo, aprendem o vocabulário feminino. A partir dos 6 anos, os meninos começam a passar por uma “mudança de linguagem”, onde a família, especialmente os homens, começam a ensinar uma nova forma de falar. Nessa nova etapa, os meninos abandonam as palavras femininas e começam a usar o vocabulário masculino.
Já as meninas mantêm o que aprenderam com as mães. Durante a adolescência, essa diferença se torna ainda mais marcante, pois homens e mulheres utilizam dialetos que são compreendidos por ambos, mas com palavras e estruturas diferentes. O interessante é que, mesmo dentro da mesma casa, cada gênero usa seu próprio “idioma”.
Variações na Linguagem
O linguista Ubang Chi Chi Dee Ndifon já catalogou cerca de 400 palavras que têm variações de acordo com o gênero. Embora as regras gramaticais e a estrutura das frases sejam as mesmas, os substantivos e verbos mudam. Por exemplo, a palavra “vestido” é “kaket” para mulheres e “nki” para homens; já a palavra “sapato” é “abuo” para elas e “okpok” para eles.
Origem da Diferença Linguística
Segundo a tradição oral, Deus deu ao povo de Ubang três línguas: uma para homens, uma para mulheres e uma terceira que ficou desaparecida. Os mais velhos dizem que essa divisão foi feita para evitar conflitos, já que os dois gêneros poderiam brigar se falassem a mesma língua. Outra história sugere que a separação aconteceu para dificultar a espionagem durante guerras.
Historiadores questionam a veracidade dessas lendas, mas reconhecem que elas fazem parte da identidade cultural de Ubang.
E se Fosse Assim no Brasil?
A convivência em Ubang, onde homens e mulheres falam de forma diferente, levanta questões sobre como seria isso no Brasil. Imagine cotidiano em que, em casa, o homem e a mulher se dirigem um ao outro usando palavras diferentes. Ambos se entendem, mas é um verdadeiro desafio cultural. O dia a dia seria bem diferente e divertido, mas também confuso.
Por exemplo, se um homem assistisse ao noticiário e ouviu o apresentador usando termos que só ele conhece, enquanto a repórter falava de outra forma, a confusão chegaria. No Brasil, essa diferença linguística poderia causar mal-entendidos e até conflitos em várias situações cotidianas.
Possíveis Causas para a Diferença
Os estudiosos tentam entender por que homens e mulheres falam linguagens diferentes em Ubang. Algumas teorias incluem:
- Teoria do Contato: Ubang está perto de uma rota comercial antiga. Esse contato com outros grupos pode ter influenciado a formação de dois vocabulários distintos.
- Jargão de Sociedades Secretas: Muitas culturas nigerianas têm grupos secretos que usam uma linguagem própria, o que pode ter influenciado a separação.
- Empréstimo de Prestígio: Tradicionalmente, os caçadores (homens) podiam aprender palavras de aliados, enquanto as mulheres mantinham termos mais antigos.
Apesar das várias explicações, ninguém sabe ao certo o motivo. A divisão é vista como algo local, não imposto por colonização ou migração.
Vida Cotidiana com Dois Idiomas
A vida em Ubang apresenta um linguajar curioso. A diferença entre homens e mulheres é vista de forma leve, quase lúdica. Os homens brincam que as mulheres usam “palavras de bebês”, enquanto elas dizem que a fala dos homens pode ser bem “áspera”.
Quando estão em grupos mistos, cada um fala no seu próprio dialeto, e todos tentam se entender. Essa mistura cria um ambiente interessante, onde todos conhecem os termos de ambos os lados, mas não fazem questão de trocá-los.
A Sobrevivência da Língua Ubang
A língua Ubang está em perigo. Muitos jovens que saem para estudar em cidades maiores como Calabar ou Lagos voltam com um jeito de falar misturado com gírias urbanas, e o uso da língua original diminui. Na escola, eles aprendem primeiro o inglês e depois o Ubang.
Para tentar preservar essa linguagem, líderes da comunidade têm promovido aulas noturnas e projetos de gravação para documentar os dialetos antes que eles desapareçam. Assim, tentam garantir que a cultura e a comunicação de Ubang não se percam com o tempo.
Considerações Finais
Apesar das distinções linguísticas, a comunidade de Ubang demonstra uma clara capacidade de se entender. Os desafios que surgem em um dia normal mostram como a língua pode ser um factor de complicação cultural, mas também um elemento de união. Portanto, a rica diversidade que existe devido a essas variações é uma parte essencial da identidade dessa comunidade.