O bocejo é um gesto comum, mas cheio de mistérios. Muitas vezes, as pessoas acham que bocejar é sinal de tédio ou cansaço, mas, na verdade, é muito mais complexo do que isso.
Estudos mostram que o bocejo pode estar relacionado a um comportamento cerebral específico. O fisiologista Raúl Santo de Oliveira destaca que uma explicação popular para a contaminação do bocejo é a atividade dos neurônios-espelho. Esses neurônios ajudam a entender como agimos em certas situações e influenciam nossas reações futuras.
Quando vemos alguém bocejando, esses neurônios se ativam, fazendo com que a gente também boceje, mesmo que tentemos não fazer isso. É um reflexo automático e pode acontecer sem que a gente perceba.
Outra coisa interessante é que nem todo mundo boceja igual. Algumas pesquisas indicam que pessoas mais empáticas ou sensíveis têm maior chance de serem contagiadas pelo bocejo. É mais comum ver isso entre amigos ou familiares do que com desconhecidos.
Em sociedades antigas, bocejar em conjunto podia ajudar a alinhar os ritmos do grupo. Assim, o bocejo funcionava como um sinal não verbal, indicando que era hora de descansar ou se manter alerta. Dessa maneira, ajudava a fortalecer os laços entre as pessoas.
Vale lembrar que o comportamento de bocejar não é exclusivo dos humanos. Animais, como os primatas, também mostram esse tipo de reação em grupos sociais. Chimpanzés e macacos, por exemplo, costumam bocejar uns com os outros, especialmente quando estão em grupo.
Além disso, há estudos que indicam que cães podem bocejar ao ver seus tutores fazendo isso, o que reforça a ideia de que o bocejo está ligado ao vínculo emocional.
Assim, bocejar quando vemos alguém fazendo isso não é apenas um acaso ou um gesto sem sentido. É uma forma de comunicação corporal que está relacionada à empatia e à conexão social, mostrando como nossos cérebros funcionam de forma similar.