Caro leitor,
Tamara Klink disse algo que me chamou a atenção em sua palestra no South Summit Brasil, em Porto Alegre: “Se dar a chance de empurrar um pouco mais a desistência”. Essa frase é simples, mas profunda. Ela provocou uma reflexão importante.
A Tamara, que é filha do famoso navegador Amyr Klink, decidiu não seguir o caminho já traçado. Ela escolheu fazer a sua própria trajetória. Com coragem e propósito, aos 27 anos, se tornou a primeira mulher latino-americana a cruzar sozinha o Círculo Polar Ártico. Durante essa travessia, ficou oito meses isolada em um fiorde congelado na Groenlândia, enfrentando temperaturas de até -40°C e sem nenhum contato humano. Uma experiência única, marcada pela solidão e bravura.
Tamara foi uma das palestrantes do Women’s Boat, um espaço flutuante que reúne mulheres para debater temas como liderança e expressão. Esse barco, um cenário simbólico para quem faz parte da discussão, foi o lugar ideal para ela compartilhar suas ideias sobre a vida.
Em seu discurso, Tamara enfatizou: “Não me sinto forte, nem corajosa, nem resiliente”. Ela explicou que é o medo que a motiva a se levantar antes do despertador e revisar as cordas do barco repetidamente, sempre atenta ao risco de icebergs. Para ela, não se trata de ser forte, mas de ser honesta sobre o que sente.
Vivemos uma época em que a palavra “resiliência” virou quase uma medalha de honra. Tamara nos fez pensar se realmente queremos esse reconhecimento. Estamos apenas nos adaptando a ambientes que não foram feitos para nós? Essa pergunta ficou gravada em minha mente.
A trajetória da Tamara na vela começou quase por acaso. No início, não tinha apoio da família e tinha dúvidas sobre si mesma. Ela achava que era impossível comprar seu primeiro barco. Mas algo mudou. Ela decidiu se dar uma chance e “empurrar a desistência” um pouco mais para frente. Esse pequeno gesto a levou a lugares onde poucas mulheres estiveram.
Tamara não sabe exatamente como definir liderança, mas conhece bem a confiança que precisa ter na equipe. Afinal, no mar, a vida está em jogo. Não há espaço para vaidades ou abstrações. É tudo muito direto e verdadeiro.
A palestra dela tocou fundo em mim. Ela mostrou que a vulnerabilidade não é a antítese da força; na verdade, é uma parte essencial dela. Se mostrar ao mundo de forma autêntica é muito mais poderoso do que qualquer rótulo que a gente possa carregar. E empurrar a linha da desistência pode ser o primeiro passo para uma transformação verdadeira na vida.
Fiquei refletindo: e se aplicássemos essa lógica para a nossa vida, nosso trabalho e nossos sonhos? E se você também se desse essa chance?
Essa mulher, que poderia ser minha filha pela idade, é uma inspiração sem fim. Ela lembrou que grandes conquistas surgem de pessoas que, mesmo sem certezas, decidiram seguir em frente. E você, o que tem feito para empurrar a sua desistência?
Pensar nisso é um convite a uma mudança de atitude. Às vezes, a gente desanima diante das dificuldades e considera desistir. Mas é essa resiliência, essa vontade de continuar, que pode nos levar a grandes realizações. Cada um tem seu próprio Círculo Polar Ártico para cruzar, e a jornada pode ser difícil, mas vale a pena.
Lidar com o medo é parte do processo. Pode ser assustador se lançar em algo novo, mas é na superação desses desafios que encontramos nosso verdadeiro potencial. Não se engane, todos sentimos medo em algum momento. O importante é saber lidar com ele e seguir em frente.
Com as palavras da Tamara em mente, podemos começar a mudar nossa maneira de pensar. Ao invés de apenas nos adaptarmos, que tal buscar ações que nos levem a lugares novos? Cada pequeno passo que damos nessa direção é uma vitória.
Muitas vezes, a rotina nos empurra para uma zona de conforto. E sair dela requer coragem. O medo pode nos paralisar, mas também pode ser um motor para nossas ações. O segredo está em como reagimos a esse sentimento.
Empurrar a desistência requer esforço. É preciso coragem para enfrentar o que nos bloqueia. Para muitas pessoas, é mais fácil permanecer na segurança do que explorar o desconhecido. Mas, se não tentarmos, nunca saberemos o quão longe podemos ir.
E a pergunta que fica é, o que está te impedindo de ir além? Para alguns, pode ser o medo do fracasso, enquanto para outros pode ser o medo do sucesso. Os dois podem ser assustadores, mas também podem ser oportunidades de crescimento.
Neste caminho, é fundamental apoiar uns aos outros. Quando encontramos uma rede de apoio, fica mais fácil enfrentar os desafios. Compartilhar nossas experiências, medos e conquistas pode ajudar a abrir novas portas e criar conexões.
Ao olharmos para as histórias de pessoas que superaram dificuldades, como a Tamara, percebemos que elas não são apenas exemplos de força, mas também de vulnerabilidade. Essas histórias nos ensinam que todos nós temos a capacidade de ir além das nossas limitações.
Assim, ao invés de apenas termos a resiliência como uma qualidade a ser admirada, podemos pensar nela como algo que precisamos cultivar continuamente. Isso envolve reconhecer nossas fraquezas e aceitá-las, para depois encontrar maneiras de superá-las.
No final das contas, a vida é uma grande travessia. A cada dia, temos a chance de empurrar a desistência um pouco mais longe. W e se você começar agora? Experimente. Sente-se e pense no que gostaria de realizar, mesmo que pareça distante.
E, talvez, ao invés de desistir, você encontre um novo caminho. Transforme seus desafios em oportunidades. Sim, vai dar trabalho, mas essa jornada pode ser uma das mais gratificantes da sua vida.
Tiramos aprendizados dos momentos difíceis e, assim como a Tamara, podemos encontrar força nas nossas vulnerabilidades. A vida é cheia de surpresas, e cada escolha que fazemos nos leva aonde precisamos ir. Que tal, então, se permitir essa chance de empurrar a sua desistência um pouco mais? Seja corajoso e dê o primeiro passo!