Em um culto transmitido nas redes sociais, o pastor Nicoletti, da Igreja Recomeçar, fez declarações que geraram polêmica. Ele disse que “odeia pobre” e que “Jesus nunca foi pobre”, criticando programas de transferência de renda e o atual presidente, Lula.
Durante sua pregação, ele desafiou a noção de pobreza, afirmando que ser pobre vai além da questão financeira. Segundo ele, a pobreza envolve também uma mentalidade de vitimização: “O pobre não é apenas financeiramente limitado, mas é manipulado por aqueles que o cercam. Ele acredita que o mundo deve tudo a ele e coloca a culpa nos que têm mais”, destacou.
Nicoletti não se conteve em criticar o governo atual. Ele chamou Lula de “nove dedos ladrão”, uma expressão provocativa que se refere a uma antiga condenação do ex-presidente. O pastor também afirmou que dar esmola “patrocina a escravidão”.
Para ele, a solução para a pobreza não está na ajuda financeira imediata, mas em uma mudança espiritual que pode ocorrer através da igreja. “Em vez de dar esmola, traga a pessoa para participar de um retiro de três dias aqui. Assim, você vai ver a vida dela mudar realmente”, disse. Ele acrescentou que “todo ladrão tem um discurso de ajudar”, referindo-se não apenas a Lula, mas também a membros da própria igreja que, segundo ele, são desonestos.
O vídeo em que fez essas afirmações viralizou nas redes sociais, gerando tanto apoio quanto críticas. Nicoletti desafiou a ideia de que a pobreza se resolve com ajuda governamental. Para ele, é isso que mantém as pessoas na miséria.
Nicoletti, por sua vez, tem uma presença significativa nas redes sociais, contando com mais de 70 mil seguidores no Instagram. Ele tem vários livros publicados e afirma já ter viajado para mais de 30 países. A Igreja Recomeçar, fundada por ele em 2011, se diz focada em atrair pessoas para um propósito maior, além de mentorear pessoas em suas realizações.
O foco da igreja é ser um exemplo em todos os 27 estados do Brasil, ajudando as pessoas nas áreas espiritual, familiar e financeira. Nicoletti acredita que a transformação da vida das pessoas passa pela espiritualidade e pela união à sua comunidade religiosa.
A retórica de Nicoletti tem gerado debate. Suas declarações sobre pobreza e política estão no centro de discussões que envolvem a moralidade, a economia e as responsabilidades da sociedade. Suas opiniões levantam questões sobre como as ajudas sociais devem ser encaradas.
Muitos se questionam se a visão de Nicoletti sobre as ajudas financeiras é válida ou se é uma forma de desviar a atenção dos problemas estruturais. As críticas à sua abordagem refletem a diversidade de opiniões sobre como lidar com a pobreza no Brasil.
A IG Recomeçar tentou se posicionar como uma alternativa às instituições tradicionais, acreditando que o foco nas transformações espirituais poderia gerar resultados mais contundentes do que apenas doações financeiras. Em um país com profundas desigualdades sociais, a discussão sobre como combater a pobreza é mais relevante do que nunca.
Essas questões vão além da figura de Nicoletti. Elas nos levam a refletir sobre a eficácia de programas de assistência social e sobre o papel da iglesia na sociedade. A abordagem dele provoca uma série de reflexões, principalmente para aqueles que são afetados pelas políticas públicas e pela maneira como a sociedade vê a pobreza.
O discurso de Nicoletti, embora controverso, encontra eco em uma parte da população que compartilha suas crenças. Ele fala sobre valorizar o trabalho duro e a mudança pessoal, em vez de depender do Estado ou de doações.
O debate sobre a pobreza no Brasil é complexo. Existem diversas opiniões sobre o que realmente funciona e o papel da religião nesse contexto. Enquanto alguns acreditam na necessidade de uma ajuda financeira imediata, outros, como o pastor, defendem que a transformação deve começar internamente.
Nicoletti, com suas declarações incendiárias, continua a ser uma figura polarizadora nas discussões sobre pobreza, religião e política no Brasil. Para muitos, suas palavras são uma chamada à ação, enquanto outros veem uma falta de empatia e compreensão das realidades enfrentadas por muitos.
Esses temas são fundamentais não apenas para quem frequenta a Igreja Recomeçar, mas para toda a sociedade brasileira, que lida diariamente com questões de classe, desigualdade e a busca por transformação.