Com a Selic em 15% ao ano, os investimentos de renda fixa se tornam naturalmente mais atrativos, pois oferecem bons retornos e são relativamente seguros. No entanto, nesse cenário, o mercado de ações continua sendo uma alternativa interessante para quem busca crescimento de capital para o longo prazo.
Selecionar ações para investir com bom potencial em ambientes de juros elevados torna-se um desafio relevante de quem investe. Nesse sentido, comparar potenciais retornos de ações com a rentabilidade da renda fixa é um hábito que ajuda o investidor a avaliar oportunidades de forma mais consciente, considerando o perfil de risco e os objetivos financeiros.
É fundamental que o investidor entenda essas variáveis antes de investir no mercado de capitais, embora isso, por si só, não garanta resultados financeiros.
Neste artigo, falaremos sobre o impacto que a Selic alta tem sobre os investimentos de renda fixa e compararemos o potencial de retorno dessas aplicações com o da renda variável. Também mostraremos estratégias para equilibrar risco e retorno em cenários de juros altos.
Embora informativo, este conteúdo não é uma recomendação de investimento.
Impacto da Selic em 15% sobre a atratividade da renda fixa
Com a Selic alta, a renda fixa se torna mais atraente para o investidor. Esse cenário oferece juro nominal e real altos, com risco baixo e, em muitos casos, boa liquidez.
Títulos pós-fixados atrelados ao CD ou à Selic, como o Tesouro Selic, CDBs, LCIs e LCAs, passam, então, a entregar retornos anuais muito elevados com risco de crédito baixo, muitas vezes superando com folga a inflação.
Com a inflação perto de 5% ao ano, uma Selic de 15% implica juro real próximo de 10% ao ano. Isso é raro e reforça a atratividade da renda fixa frente a outras classes de ativos.
A renda variável perde atratividade, pois é difícil justificar assumir o risco da volatilidade das ações quando a renda fixa já entrega retorno alto, previsível e garantido pelos emissores, que podem ser o Tesouro Nacional ou os grandes bancos.
Mas isso não significa necessariamente parar de investir em renda variável nesse cenário. A seguir, faremos uma breve comparação entre o potencial de retorno do mercado acionário e das aplicações de renda fixa.
Comparação entre potencial de retorno de ações e renda fixa
Com a Selic elevada, títulos pós-fixados atrelados à Selic/CDI entregam retornos expressivos, próximos à própria taxa básica, com volatilidade mínima e proteção considerável contra a inflação.
As ações mantêm maior potencial de ganho. Mas é preciso considerar que oferecem menos previsibilidade devido à volatilidade natural do mercado acionário, e fazem mais sentido no longo prazo.
Assim, para justificar o risco adicional frente à renda fixa de alta remuneração, as ações precisam oferecer potencial de retorno significativamente maior no longo prazo.
Volatilidade e riscos associados ao mercado de ações
O que torna o investimento em renda fixa tão atrativo em cenários de Selic elevada é o fato de oferecer bons rendimentos com um risco muito baixo, o que não ocorre com as ações, que oferecem uma maior exposição à volatilidade e riscos específicos de mercado.
Além da volatilidade inerente ao mercado de ações, os principais riscos associados a esse tipo de investimento são o risco de mercado, o de liquidez (ou seja, pode ser difícil vender as ações e convertê-las em dinheiro), e o risco específico das empresas, que podem enfrentar problemas de gestão, endividamento, queda de lucros, entre outros. Isso afeta o desempenho das ações no mercado.
Estratégias para equilibrar risco e retorno em cenários de juros altos
Em cenários de juros altos, equilibrar risco e retorno exige diversificação inteligente, foco na renda fixa de alta qualidade e seleção criteriosa de ativos de maior potencial.
O que os investidores costumam fazer é priorizar títulos de renda fixa pós-fixados atrelados à Selic ou ao IPCA, que oferecem proteção contra inflação e aproveitam a taxa alta para retorno consistente com risco reduzido.
As ações devem ser escolhidas com foco em empresas com sólido fluxo de caixa e baixo endividamento. Também é importante dar preferência para ações de empresas de setores resilientes para mitigar os impactos da alta de juros e da desaceleração econômica.
Manter liquidez suficiente no portfólio permite aproveitar eventuais oportunidades e evitar vendas forçadas em momentos adversos. Fazer uma reavaliação periódica da carteira (e ajustá-la conforme a necessidade) evita exposição desproporcional ao risco e ajuda a maximizar o retorno obtido.
Considerações sobre o perfil do investidor e os objetivos financeiros
Sempre é bom lembrar que investir no mercado de ações é mais indicado para quem tem perfil moderado a arrojado, ou seja, está disposto a assumir mais riscos em prol de um bom resultado financeiro.
Quem investe em ações costuma buscar valorização do capital ao longo do tempo, formação de patrimônio e geração de renda passiva por meio do pagamento de dividendos periódicos. O horizonte ideal costuma ser de médio a longo prazo, pois a renda variável tende a apresentar oscilações no curto prazo.
