Títulos: A Espiritualidade do Agnóstico: Conforme se Define
Desde sempre, eu me vi como agnóstico. Quando me perguntavam sobre a minha crença, eu costumava dizer que sou profundamente agnóstico. A reação das pessoas variava entre risadas, olhares desconfiados e até desdém. Entendo bem a razão do ceticismo. Afinal, ser agnóstico é não se comprometer com uma posição específica. Então, como alguém pode ser “profundamente agnóstico”?
Para mim, ser agnóstico não é uma forma de evitar uma opinião. É sobre avaliar criticamente o que eu decido acreditar, de um jeito baseado em lógica e evidências.
A questão que vou abordar aqui é: como um agnóstico pode se considerar espiritual quando a espiritualidade parece algo meio vago, sem muitos indícios concretos?
Minhas reflexões sobre espiritualidade têm a ver com a definição que eu escolho dar a esse termo.
No dicionário de Oxford, espiritualidade é definida como “a qualidade de preocupar-se com o espírito humano ao invés das coisas materiais”. Já a Wikipédia a descreve como “a busca individual por um significado e propósito sagrado na vida”.
Podemos misturar essas ideias e definir espiritualidade como a prática de desenvolver o nosso eu fundamental ou “espírito” da melhor forma possível. Vamos chamar isso de um esforço sério de autodesenvolvimento.
Mas, como isso se manifesta na prática? O que é desenvolver o “espírito”? É comum ouvirmos sobre desenvolver a mente, o corpo e o espírito. Sabemos como fortalecer a mente e o corpo. A atividade física constante melhora a saúde do corpo. Para expandir a mente, estudamos, aprendemos e interagimos socialmente.
Agora, como podemos desenvolver o espírito? Quais atividades específicas podemos fazer? Ou será que trabalhar mente e corpo também afeta o espírito?
Busco entender a espiritualidade de um jeito mais palpável, relacionando-a a processos físicos e biológicos. Para mim, como agnóstico, é fundamental compreender fenômenos de uma forma científica e baseada em evidências. É verdade que a ciência ainda não tem todas as respostas, mas acredito que, com o tempo, vamos entender como até os processos que parecem metafísicos funcionam.
Aqui está uma tentativa simples de explicar o que é o espírito em termos físicos. Se concordamos que o espírito é nosso eu essencial, uma maneira de ilustrar isso está na relação entre genética e epigenética.
Nossos genes são como manuais de instrução que dizem às células o que produzir. Já a epigenética se refere a como nosso corpo regula a ativação ou silenciamento dos genes. A epigenética não muda a sequência genética, mas controla como as células interpretam essa informação. Pense na epigenética como uma torneira que regula o fluxo de proteínas.
Para explicar de forma prática, estudos com gêmeos idênticos mostraram que diferenças fenotípicas são fruto da epigenética. Mesmo com os mesmos genes, os gêmeos podem ter características diferentes. Como um gêmeo pode ser mais alto que o outro? Essas diferenças podem ser atribuídas à epigenética.
Basicamente, se a epigenética influencia a expressão dos genes, cada atividade, experiência ou fator ambiental afeta a epigenética. Assim, corpo e mente formam um organismo flexível que responda a tudo ao redor.
O que isso significa, na real, é que quem você é hoje é resultado de tudo o que acontece na sua vida. Cada ação, escolha e experiência moldaram você. Essa percepção é poderosa, já que suas escolhas e experiências futuras irão definir quem você será.
Vamos a alguns exemplos. Se alguém malha regularmente, essa pessoa vai desenvolver hábitos que levam a mudanças epigenéticas e à criação de proteínas. Isso torna a pessoa mais forte e saudável. Além disso, forma novas conexões neurais, tornando-a mais disciplinada.
Agora, e se a pessoa optar por um estilo de vida mais relaxado? Se passar o dia assistindo televisão e comendo mal, as mudanças na mente e no corpo vão ser rápidas e visíveis. Esse estilo de vida irá moldando essa pessoa para ser mais desleixada.
E quem mente frequentemente? A mentira pode se tornar algo tão comum que passa a fazer parte da essência da pessoa. Em suma: a pessoa se torna um mentiroso.
Definir o espírito como um processo biológico pode parecer que estou falando da personalidade da pessoa, mas o ponto é que nossas células mudam com nossas escolhas. O que pode ser mais fundamental do que essa transformação celular?
Como agnóstico, estou sempre aberto a possibilidades e para o que o futuro nos reserva. Enquanto isso, a frase “você é o que você come” faz todo sentido. Vou além e digo que todas as suas escolhas e ações acabam definindo qual versão de você mesmo viverá no futuro. Isso mostra que temos o controle sobre nosso eu essencial.
Em resumo, a espiritualidade pode ser entendida como um caminho de autodesenvolvimento através de escolhas conscientes. O que você faz hoje impacta no seu futuro. Portanto, suas ações são essenciais para a formação do seu espírito.
Com isso em mente, vale refletir sobre o que você tem feito. E, ao cuidar do corpo e da mente, estamos também alimentando nosso espírito. Esse entendimento é importante, pois nos dá uma visão de que a vida é uma construção contínua.
Por fim, cada um de nós tem nosso próprio jeito de entender esses temas. O importante é respeitar essa jornada. Cada passo que damos nos aproxima do nosso verdadeiro eu, que é a essência do nosso espírito. Os próximos anos podem trazer novas descobertas sobre nós mesmos e o universo.
Ao longo da sua vida, as experiências que você escolher terao um efeito enorme no caminho que você seguirá. Dessa forma, você tem o poder de moldar seu futuro. E um futuro melhor começa com as escolhas que você faz hoje.
Assim, vamos nos lembrar de que a vida é uma mistura de experiências e decisões que moldam o que somos. A espiritualidade, dessa forma, torna-se um aspecto vivo e presente no nosso dia a dia.
Com isso, fica claro que, independente de crenças, somos todos participantes ativos na construção do que significa nosso espírito. A jornada é pessoal e única, e cada um escolhe seu caminho de autodescobrimento.
