O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente crianças e adolescentes. No entanto, cada vez mais adultos também estão sendo diagnosticados com o transtorno. Um dos sintomas mais comuns entre quem convive com o TDAH é a dificuldade para dormir. Por isso, o uso de remédio para dormir entre esses pacientes se tornou um tema de interesse crescente, mas também de controvérsia.
Neste artigo, vamos abordar a relação entre o TDAH e os distúrbios do sono, os tipos de remédio para dormir utilizados nesses casos, riscos envolvidos, e alternativas naturais para ajudar a melhorar a qualidade do sono de quem vive com esse transtorno.
A relação entre TDAH e problemas de sono
Pessoas com TDAH frequentemente enfrentam problemas para iniciar e manter o sono. Isso pode acontecer por diversos fatores, como:
- Dificuldade em desacelerar os pensamentos à noite;
- Ansiedade associada ao transtorno;
- Efeitos colaterais de medicamentos estimulantes usados no tratamento do TDAH;
- Hiperatividade noturna e inquietação física.
Pesquisas indicam que até 70% das crianças e adolescentes com TDAH apresentam algum tipo de distúrbio do sono. Em adultos, esse número pode chegar a 50% ou mais. Entre os problemas mais relatados estão insônia, síndrome das pernas inquietas e atraso na fase do sono (ou seja, o corpo demora a “entender” que é hora de dormir).
A consequência disso é um ciclo vicioso: noites mal dormidas prejudicam a concentração, aumentam a irritabilidade e afetam diretamente o desempenho acadêmico, profissional e social de quem vive com o transtorno.
Quando o remédio para dormir se torna necessário?
Em muitos casos, ajustar hábitos de sono e aplicar técnicas de higiene do sono já é suficiente para melhorar a qualidade do descanso. No entanto, para pessoas com TDAH, esses ajustes nem sempre são eficazes, principalmente quando a insônia é persistente.
Nesses casos, o uso de remédio para dormir pode ser indicado por um profissional de saúde. O objetivo principal é ajudar o cérebro a desacelerar, reduzir a ansiedade e induzir o sono com mais facilidade. Entretanto, é importante destacar que esses medicamentos não são a primeira escolha e só devem ser utilizados com prescrição e acompanhamento médico.
Tipos de remédio para dormir mais usados em casos de TDAH
Existem diferentes classes de medicamentos utilizados para promover o sono em pacientes com TDAH. A seguir, listamos as opções mais comuns:
1. Melatonina
A melatonina é um hormônio naturalmente produzido pelo organismo, responsável por regular o ciclo circadiano. Em pacientes com TDAH, a produção de melatonina pode estar atrasada ou irregular, dificultando o início do sono. A suplementação com melatonina tem se mostrado segura e eficaz em muitos casos, especialmente entre crianças e adolescentes.
2. Antidepressivos sedativos
Medicamentos como a mirtazapina ou a trazodona, originalmente indicados para tratar depressão, também são usados como remédio para dormir devido ao seu efeito sedativo. Em pacientes com TDAH que também apresentam sintomas de ansiedade ou depressão, essas opções podem ser bastante úteis.
3. Antipsicóticos de baixa dose
Em casos mais graves, alguns médicos podem prescrever antipsicóticos atípicos em doses muito baixas, como a quetiapina. Apesar de serem eficazes para induzir o sono, esses remédios apresentam riscos importantes de efeitos colaterais e devem ser usados com extrema cautela.
4. Benzodiazepínicos
Medicamentos como o clonazepam e o diazepam são poderosos indutores do sono, mas seu uso em pacientes com TDAH é bastante controverso. Eles oferecem riscos de dependência, tolerância (perda de eficácia ao longo do tempo) e prejudicam a memória e atenção — o que é especialmente problemático para quem já convive com o TDAH.
Riscos e cuidados ao usar remédio para dormir
Embora existam medicamentos eficazes, é fundamental lembrar que o uso prolongado e sem controle de remédio para dormir pode agravar os sintomas do TDAH e comprometer a saúde em geral. Entre os principais riscos estão:
- Desenvolvimento de dependência psicológica e física;
- Sonolência excessiva durante o dia;
- Déficits cognitivos;
- Aumento da tolerância (necessidade de doses maiores);
- Reações adversas graves.
Por isso, o acompanhamento com médico neurologista ou psiquiatra é indispensável. O profissional poderá avaliar o histórico do paciente, os sintomas específicos e os possíveis efeitos colaterais antes de recomendar qualquer tratamento medicamentoso.
Alternativas naturais e hábitos para dormir melhor
Antes de recorrer ao remédio para dormir, muitas pessoas com TDAH podem se beneficiar de mudanças no estilo de vida e da adoção de hábitos saudáveis. Veja algumas estratégias úteis:
Estabelecer uma rotina
Manter horários fixos para dormir e acordar ajuda o corpo a regular naturalmente o relógio biológico.
Evitar telas antes de dormir
A luz azul de celulares, TVs e computadores interfere na produção de melatonina. O ideal é evitar o uso de eletrônicos por pelo menos uma hora antes de ir para a cama.
Praticar atividade física
Exercícios ajudam a gastar energia acumulada, reduzem a ansiedade e promovem a liberação de neurotransmissores benéficos ao sono, como a serotonina.
Reduzir cafeína e açúcar
Estimulantes como cafeína e açúcar em excesso podem piorar os sintomas de TDAH e dificultar o relaxamento noturno.
Terapia cognitivo-comportamental
A terapia específica para insônia (TCC-I) tem mostrado excelentes resultados em pessoas com TDAH. Ela ajuda a identificar pensamentos disfuncionais relacionados ao sono e a reestruturar comportamentos prejudiciais.
E aí, tudo entendido?
A relação entre o TDAH e a dificuldade para dormir é real e, muitas vezes, negligenciada. Embora o remédio para dormir possa ser uma solução válida em determinados casos, ele não deve ser a primeira escolha. O ideal é buscar um diagnóstico preciso, considerar opções naturais e só então discutir com o médico a possibilidade de tratamento medicamentoso.
O sono é essencial para o funcionamento do cérebro, e isso é ainda mais verdadeiro para quem convive com o TDAH. Cuidar da qualidade do descanso é um passo importante para melhorar a concentração, a regulação emocional e a qualidade de vida como um todo.
Imagem: canva.com