AUTOREFLEXÃO
Por Dennis Waite
Lançamento: 1º de novembro pela Mantra Books
Diferencie verdadeiros mestres de falsos gurus.
Sobre o que é a Iluminação?
A Iluminação é entender que somos eternamente livres. Isso representa a evolução humana. No entanto, muitos fatores dificultam essa compreensão. Quem busca essa verdade é como um salmão que nada contra a correnteza da vida.
O objetivo do meu livro “Autoreflexão” é ajudar na busca por um mestre que ensine a filosofia Advaita. Mas antes de tudo, você precisa responder: ‘Por que quero um mestre?’ Se sua resposta for que deseja ficar “iluminado” ou alcançar a “Auto-realização” (lembre-se do “S” maiúsculo!), então é importante entender o que isso realmente significa.
A pergunta “O que é Iluminação?” foi o título de uma revista publicada pela Moksha Foundation, criada pelo professor Andrew Cohen. No início da primeira edição, ele declarou que havia muita confusão sobre o que era realmente a Iluminação. Por isso, incentivou seus alunos a lançar esta publicação, buscando apresentar as descobertas desse tema.
No entanto, essa afirmação é irônica. Ele estava propagando desinformação sobre o assunto. Em uma entrevista na mesma edição, tratou a Iluminação como uma condição onde se sabe que se chegou ao fim da busca. Para ele, ser totalmente iluminado significa não haver mais evolução. Mesmo aqueles que têm apenas um vislumbre da Iluminação sentem essa sensação de finalização que é difícil de descrever.
Esse entendimento, no entanto, não se alinha com o conceito de moksha apresentado por Advaita. Apesar de Cohen ter influenciado muitos buscadores no Ocidente a compreender a não-dualidade, a revista foi publicada até agosto de 2008, com 41 edições, e depois mudou de nome para ‘EnlightenNext (A Revista dos Evolucionários)’.
A mudança no título reflete a evolução do ensino dele para o que chama de “Iluminação Evolutiva”, que ele descreve como:
“Iluminação evolutiva é a paixão que nos leva a criar o futuro. E não é um futuro que vai se desenrolar sozinho enquanto dormimos. É um futuro que moldamos de forma direta e intencional, engajando-nos ativamente no processo da vida.”
É triste que a verdade da liberdade já existente em nós seja transformada em uma busca por algo ilusório no futuro. A Iluminação é apenas sobre reconhecer o que já está presente; não se trata de “evoluir” para um ser superior com uma consciência mais elevada.
Quando reconhecemos nossa verdadeira natureza, começa um processo profundo de cura interior. Passamos a ver padrões inconscientes em ação e crenças limitantes vão desaparecendo à medida que nos alinhamos a uma consciência mais elevada.
Stephen Wingate, no prefácio do seu livro “Os Mitos Extravagantes da Iluminação”, nos faz refletir sobre:
“O que são Auto-realização, Despertar, Libertação e Iluminação? Você é o Eu Único, a Própria Consciência. Pare um momento e perceba essa consciência que você é agora. Observe a vastidão e a abertura que você possui. Veja que tudo surge naturalmente nessa presença.”
Essa abertura expandida é a verdadeira essência que você busca: a Paz, o Amor e a Iluminação. Você sempre foi e sempre será isso.
Embora essa descrição não defina claramente a Iluminação, ela é uma tentativa moderna de mostrar o que somos. Contudo, isso não explica como chegamos a essa compreensão. A Iluminação é a realização da verdade, não a substância dessa verdade.
Estar presente e aberto ao que os sentidos trazem não é nossa verdadeira essência, mas apenas um sinal de que nossa mente está pronta para receber essa explicação sobre quem realmente somos. A paz e o amor citados estão relacionados à nossa atitude mental e não à essência do Ser.
Francis Lucille, em uma discussão sobre ajñana, disse:
“Quando afirmamos que o ego não existe, queremos dizer que ele não é uma entidade autônoma, mas um objeto que aparece na consciência. Este objeto nunca pode ver a consciência que o observa. A única inferência lógica é que essa consciência vê a si mesma. Quando isso se torna uma experiência, chamamos de Iluminação.”
É mais útil ver o ego como um “processo” e não como um objeto fixo. Os processos mentais dependem da consciência. A ideia de que a Consciência “vê” ou “experimenta” a si mesma não é realmente significativa. Isso ainda confunde a realidade absoluta com a aparência do mundo.
Os neo-advaitas afirmam que a Iluminação é um mito—que não é possível alguém estar iluminado porque, na verdade, não existe uma pessoa na realidade. Por exemplo, Halina Pytlasinska menciona que:
“A Iluminação é um mito. O problema com a não dualidade é que está além das palavras. Estamos tentando descrever isso, mas nunca vamos conseguir totalmente. Não há uma pessoa iluminada, mas a percepção de que não há separação.”
Os neo-advaitas costumam usar expressões como ‘a realização é’; ‘é visto que’, entre outras. Nunca explicam onde essa realização ocorre ou onde se dá essa “visão”. Eliminar a noção de pessoa é acabar com a busca e o papel do guru, liberando o suposto mestre de ensinar.
AUTOREFLEXÃO, de Dennis Waite, será lançado em 1º de novembro pela Mantra Books ou em outras livrarias.