Muitas crianças crescem sem conhecer as raízes que moldaram boa parte da história, da arte e dos valores presentes em nossa sociedade. A ausência da cultura africana na infância empobrece o imaginário, limita referências e perpetua estereótipos silenciosos. 

    Quando histórias, lendas e personagens africanos são omitidos das prateleiras e das rodas de leitura, o mundo narrado às crianças se torna menor e menos diverso. A título de exemplo , sites de livrarias conceituadas, possuem exemplares como o livro Histórias Africanas que tem o poder de resgatar vozes ancestrais, valorizar identidades e cultivar o respeito desde os primeiros anos de vida. 

    Mostraremos a seguir como a literatura infantil pode ser a ponte para uma educação mais inclusiva, rica em narrativas que celebram o orgulho, a representatividade e a pluralidade cultural.

    A importância de apresentar a cultura africana na infância por meio da literatura

    1. Construindo Identidade e Autoestima

    Apresentar a cultura africana desde a infância, por meio da literatura, é essencial para fortalecer a identidade e a autoestima das crianças, especialmente das que são afrodescendentes. 

    O contato com narrativas que valorizam origens, costumes e personagens negros ajuda a criar vínculos afetivos com a ancestralidade e a reforçar o orgulho pelas raízes culturais. Quando se veem refletidas nas histórias, as crianças encontram referências positivas e se reconhecem como protagonistas de suas próprias trajetórias.

    A presença de personagens negras em papéis centrais, bem-sucedidas e autônomas, contribui para desconstruir estereótipos e combater a invisibilidade racial. Esses modelos literários estimulam a autoconfiança, inspiram sonhos e mostram que há espaço para todas as vozes. 

    Ao trazer à tona idiomas, tradições e histórias do continente africano, os livros oferecem uma experiência que valoriza o amor-próprio e o reconhecimento do próprio valor.

    2. Promovendo Inclusão e Empatia

    Estimular a leitura inserindo a cultura africana também tem papel fundamental na formação de uma convivência mais respeitosa e plural. 

    A literatura se torna uma ponte entre diferentes experiências, promovendo o conhecimento sobre costumes diversos e incentivando o respeito às diferenças. Histórias que exploram o universo cultural africano ajudam a derrubar preconceitos e aproximam crianças de realidades que, muitas vezes, são ignoradas ou estigmatizadas.

    Ao conhecer personagens de diferentes origens, os leitores desenvolvem empatia, ampliam horizontes e aprendem a valorizar a diversidade. Isso contribui para a construção de ambientes escolares e sociais mais inclusivos, onde a igualdade é promovida não apenas por discursos, mas também por práticas cotidianas.

    3. Enriquecendo o Repertório Cultural e Educacional

    Ao apresentar mitos, biografias, histórias de resistência e expressões artísticas, esses livros ampliam o repertório cultural das crianças e inserem conteúdos muitas vezes ausentes nos currículos tradicionais. Essa inserção estimula o interesse por temas históricos e sociais de forma natural, conectando conhecimento e sensibilidade.

    Com uma linguagem acessível e envolvente, as obras proporcionam contato com novos vocabulários, incentivam a leitura crítica e ampliam a curiosidade intelectual. Ao valorizar diferentes expressões culturais, a literatura torna-se um instrumento de formação integral, capaz de fortalecer habilidades cognitivas e despertar o respeito pela pluralidade do mundo.

    Integrar a cultura africana na literatura infantil, portanto, é uma forma de preparar as crianças para viver em uma sociedade diversa, onde saber dialogar e reconhecer o outro são competências tão importantes quanto qualquer conteúdo escolar.

    Como o livro “Histórias Africanas” tem influenciado a literatura infantil

    O livro “Histórias Africanas”, recontado pela renomada escritora Ana Maria Machado e ilustrado por Laurent Cardon, apresenta-se como uma porta de entrada fascinante para o universo da tradição oral do continente africano, especialmente para o público infantil. 

    A obra, que integra a coleção ‘Histórias de Outras Terras’, está disponível para aquisição online diretamente na página da editora Lumisfera, facilitando o acesso de pais, educadores e interessados em literatura infantil de qualidade. 

    As quatro narrativas presentes em “Histórias Africanas” transcendem o mero entretenimento, posicionando-se como um recurso pedagógico de grande valor para o ensino de história e diversidade cultural. 

    Ao recontar contos da tradição oral africana, Ana Maria Machado oferece às crianças uma perspectiva autêntica e sensível sobre os modos de viver, sentir e pensar de diferentes povos do continente. Este contato inicial com a riqueza cultural africana é fundamental para desconstruir estereótipos e promover o respeito pela pluralidade. 

    As histórias, com linguagem acessível para leitores a partir de 9 anos, mas igualmente encantadoras para os mais novos em leituras compartilhadas, permitem que educadores e pais abordem temas como ancestralidade, valores comunitários e a importância da oralidade na transmissão de conhecimento. 

    As ilustrações de Laurent Cardon complementam a experiência, tornando o aprendizado visualmente estimulante e imersivo, facilitando a compreensão e o engajamento dos jovens leitores com as temáticas apresentadas.

    A inclusão de “Histórias Africanas” no repertório de leitura infantil contribui significativamente para a formação de cidadãos mais conscientes e abertos ao diálogo intercultural. Ao apresentar narrativas que fogem do eixo eurocêntrico, comum em muitas obras infantis, o livro amplia os horizontes das crianças, mostrando a diversidade de experiências humanas e a riqueza de outras culturas. 

    Este contato com diferentes visões de mundo é essencial para a construção de identidades mais plurais e para o desenvolvimento da empatia. A obra de Ana Maria Machado, reconhecida por sua maestria na literatura infantojuvenil e laureada com prêmios como o Hans Christian Andersen, assegura a qualidade literária e a sensibilidade no tratamento dos temas. 

    Imagem: canva.com

    Giselle Wagner é formada em jornalismo pela Universidade Santa Úrsula. Trabalhou como estagiária na rádio Rio de Janeiro. Depois, foi editora chefe do Notícia da Manhã, onde cobria assuntos voltados à política brasileira