Quem decide reservar uma parte da renda para investir e construir um patrimônio sólido e diversificado no longo prazo se depara com uma verdadeira “sopa de letrinhas” na hora de decidir quais ativos inserir na carteira.

    CDB, LCA, CRI, FII, IBOV são apenas algumas das infindáveis siglas dos produtos financeiros existentes no mercado, sem falar em tecnologias inovadoras da chamada “nova economia”, como investir em criptomoeda e outros ativos digitais.

    O que muitas pessoas não sabem é que o mercado de capitais possui regras de acesso a cada tipo de aplicação, com base no perfil de investidor de cada pessoa. Neste artigo, vamos entender melhor essas regras e como cada modalidade de investimento se encaixa em cada perfil.

    O que é “suitability”?

    É um termo em inglês que, no mercado de capitais, se refere à adequação dos produtos financeiros ao perfil de cada investidor.

    A legislação que rege a atuação de distribuidores de investimentos exige que bancos, corretoras e outras instituições financeiras só ofereçam aos investidores produtos que estejam de acordo com o seu perfil.

    A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula e supervisiona o mercado financeiro no país, classifica cada tipo de investimento segundo seu grau de risco e liquidez.

    Risco é basicamente uma medida de volatilidade de um ativo, isto é, a intensidade da variação com que seus preços variam ao longo do tempo. Dessa forma, ativos que registram grandes oscilações em sua cotação são considerados mais arriscados, como ações e commodities, por exemplo.

    Liquidez é a capacidade de resgatar ou transformar um investimento em caixa, isto é, dinheiro na conta. Um título do Tesouro Direto, por exemplo, pode ser liquidado (resgatado) em apenas um dia útil, caso o investidor precise dos recursos por algum motivo. Uma cota de participação em um projeto de crowdfunding, por exemplo, é um tipo de investimento considerado “ilíquido”, já que é muito difícil transformar o investimento em caixa (dinheiro), vendendo a cota para outra pessoa.

    Dessa forma, todo investimento precisa ser inserido em um dos três tipos de perfil de risco e liquidez: conservador, moderado e arrojado.

    Os investidores, por sua vez, também devem preencher um formulário de “suitability” ao abrir uma conta em um banco, corretora ou outra instituição financeira que ofereça investimentos, a fim de definir seu perfil de investidor, com base em seu conhecimento, experiência e patrimônio aplicado.

    O objetivo dessa classificação é evitar que pessoas assumam riscos que desconheçam e também proteger o sistema financeiro, já que produtos mais arrojados podem acabar gerando grandes perdas financeiras para os investidores, muitas vezes colocando em risco a própria instituição financeira.

    Quais são os tipos de perfil de investidor?

    Perfil de investidor
    Perfil de investidor

    São basicamente três: o conservador, o moderado e o arrojado.

    O investidor conservador é aquele que demonstra ter uma predisposição maior para aplicar seus recursos em produtos mais líquidos e menos arriscados, como títulos públicos, Cédulas de Depósito Bancário (CDB) e Letras de Crédito Imobiliário, que contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

    O investidor moderado é aquele que pode assumir um pouco mais de risco, mas, ainda assim, prima pela liquidez, como títulos de crédito privado, fundos previdenciários e fundos de investimento imobiliário.

    Já o investidor arrojado costuma ter um grau maior de conhecimento e experiência no mercado financeiro para realizar operações mais arriscadas, como investir em ações, derivativos, moedas e títulos privados ilíquidos, como o investimento direto em projetos da economia real.

    Portanto, você só terá acesso a determinados produtos financeiros se o seu perfil de investidor estiver de acordo com a classificação de risco e liquidez do ativo que pretende colocar na carteira.

    Empréstimos para investir

    Embora investidores experientes possam ter mais habilidades para minimizar o risco financeiro, pegar empréstimo para investir é uma estratégia arriscada. O mercado financeiro é imprevisível e pode gerar perdas inesperadas.

    Além disso, alguns empréstimos normalmente apresentam taxas de juros mais altas do que a maioria dos investimentos, o que significa que o retorno necessário para justificar o empréstimo pode ser muito elevado.

    Porém, se essa é uma escolha já definida para você, desde que seja bem planejada pode lhe trazer bons frutos.

    Confira alguns tipos de empréstimo para considerar:

    • Empréstimo na conta de água
    • Empréstimo consignado
    • Empréstimo pessoal
    • Empréstimo com garantia
    • Empréstimo no cartão de crédito
    • Empréstimo automotivo

    Caso decida investir, é crucial que seja feita uma análise criteriosa sobre as opções de empréstimo e do investimento desejado.

    É importante lembrar que mesmo investidores experientes podem ter perdas financeiras, sendo necessário ter um plano de gerenciamento de riscos.

    Avatar de Giselle Wagner

    Giselle Wagner é formada em jornalismo pela Universidade Santa Úrsula. Trabalhou como estagiária na rádio Rio de Janeiro. Depois, foi editora chefe do Notícia da Manhã, onde cobria assuntos voltados à política brasileira